Artigo originalmente publicado no portal barrosoemdia.com.br em outubro de 2011
Uma cidade sem passado não terá futuro. Toda e qualquer sociedade apenas consegue avançar e se desenvolver a partir do reconhecimento de suas origens, aprendendo com seus erros e enaltecendo suas glórias. O reconhecimento da história amplia a noção de pertencimento dos cidadãos a um determinado território e a um determinado grupo social. Por conseqüência, estimula os sentimentos de solidariedade e cooperação, elementos essenciais para o alcance da prosperidade social.
O município de Barroso, apesar de ainda “cidade criança”, possui uma bela história, repleta de conquistas importantes, a começar pela emancipação, e marcada por momentos cruciais de apogeu e decadência econômica. Nosso passado nos fornece lições importantes a serem aprendidas para lidarmos melhor com o presente e com o futuro. Manter viva nossa memória, portanto, é mais que prestar tributo aos nossos antepassados, é uma estratégia inteligente para enfrentar os desafios vindouros.
Em atitude exemplar, a Câmara Municipal vem atuando no sentido de resgatar nossa história e jogar luz sobre fatos e personagens ainda pouco conhecidos pelos nossos conterrâneos. Através do trabalho de pesquisa do brilhante historiador barrosense Wellington Tibério, a história de Antônio da Costa Nogueira, fundador da cidade, pôde ser melhor contada. Como resultado da pesquisa, no mês de agosto deste ano, o Vereador Vanilton de Barros e Wellington estiveram em missão à Freguesia de Vermoim, em Portugal, para estreitar os laços transoceânicos entre a terra de origem e de destino do primeiro habitante e fundador de Barroso.
Esse episódio de sucesso na valorização do nosso passado, entretanto e infelizmente, não se repete com a freqüência que seria desejável, pelo contrário, a regra em nosso município é negligenciar a história. O principal exemplo da forma como maltratamos nosso passado é o estado lamentável em que se encontram símbolos importantes de nossa identidade. Os três principais monumentos da cidade encontram-se completamente abandonados: obelisco; castelinho e forninho.
O obelisco, que representa a emancipação do município, há cerca de 7 anos já não possui mais as placas de bronze com a face dos emancipadores e a sua base encontra-se bastante danificada. O castelinho, que representa os municípios aos quais Barroso pertenceu antes de sua emancipação, encontra-se todo pichado de corretivo. Por último, o forninho, que representa a nossa indústria de cal, está assoreado, sujo e apagado. As praças onde os monumentos se encontram acompanham a decadência, pois falta iluminação, pintura, reforma, limpeza.
A falta de cuidado com nossa história ameaça nossa identidade coletiva. Precisamos comunicar às gerações vindouras e, principalmente, aos imigrantes que dentro em breve chegarão à nossa cidade, sobre quem somos e de onde viemos. É apenas reconhecendo nossa história com propriedade que conseguiremos nos preparar melhor para o futuro. Chegou a hora de recuperarmos os símbolos perdidos de Barroso na expectativa de que possam voltar a ocupar seu lugar de destaque no espaço urbano, inspirando e guiando os barrosenses à caminho do futuro.
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Este texto foi publicado há mais de dois anos e até hoje nada mudou. Sobre o assunto, o historiador Tibério falou ao jornal Barroso em Dia nesta semana. Segue sua declaração:
“Nos últimos 25 anos, foi erguida na Praça Gustavo Meireles uma estátua do Padre Luiz e sua estrutura foi edificada em frente ao Obelisco, escondendo o marco zero de nosso município. Uma clara demonstração de péssimo gosto e descaso com os monumentos históricos da cidade. Aliás, por falar em descaso, não há registro nos últimos anos de uma reforma naquela Praça, apenas troca de lâmpadas e pinturas nos bancos. Lamentável”
E as placas em relevo com os fundadores se perderam? Havia na praça original, um monumento dedicado exclusivamente a eles. Mas os projetos da nova praça, assim como na Praça Santana, foram feitos por forasteiros, sem qualquer preocupação história, apenas estética (duvidosa).